O que mudou desde Iracema?
- Iracema na Atualidade
- 11 de ago. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2019
Seriam as mulheres de hoje as mesmas do século XVII? Seriam suas angústias as mesmas? Seriam elas tão abandonadas quanto Iracema?

A Iracema, imagem feminina a ser seguida no século XIX criada por Alencar, envolvia valores como a doçura, a inocência, a maternidade, a doação, o altruísmo, a submissão e dependência ao homem e à maternidade.
São muitos os fatores que levam ao fato de que as mulheres, em geral, não mais se identificam com o modelo citado acima. A emancipação da mulher é um fator crucial, que juntamente com o crescimento e a consolidação do feminismo e da ideia da liberdade feminina, formam cada vez mais a mente de meninas que não mais entendem que vieram ao mundo com um papel determinado pelo simples fato de serem mulheres. A liberdade corporal, de pensamento e a possibilidade que foi dada a mulheres e por mulheres de escreverem suas próprias histórias foram conquistas que moldam cada vez mais as mulheres que nascem. O descobrimento de si passou a ser visto com mais naturalidade. Somos indivíduos e somos iguais, temos vontades, direitos e deveres. Somos parte de uma sociedade que deve nos respeitar.
A tecnologia também não pode ser subestimada enquanto fator definitivo na construção da autoestima e da imagem de meninas do século XXI. As redes sociais auxiliam o papel de construção de identidade, tanto no aspecto físico quanto psicológico, e atuam ativamente na construção da opinião dessas meninas. Blogs, vídeos, canais no Youtube, contas, páginas e perfis no Facebook e Instagram atuam como instrumentos da construção de uma identificação entre essas meninas - que não mais se sentem sozinhas e têm seu processo de construção de identidade facilitados. Esses atuam como os jornais, as crônicas e as narrativas de dois séculos atrás, que instruíam a construção da conduta das mulheres da época.
É nítido que a internet também se apresenta enquanto meio tóxico, que filtra pessoas por seus padrões, os explicita, endeusa alguns e exclui outros. A popularidade e a relevância nas redes acabaram por deturpar a relação de algumas meninas consigo mesmas, e é evidente que essa situação tem reflexos futuros diretos.
A Iracema Atual ainda possui amarras, menos explícitas, mais maleáveis, possui mais instrumentos para destituí-las e possui uma identidade única, que busca ser livre e independente. A maternidade, o casamento, a construção de uma família tradicional: tudo isso deixou de ser objetivo na vida dessas meninas, que ainda, infelizmente, buscam se encaixar em padrões, ainda que diferentes dos do século XIX.

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